Foi o hip hop, desde o final dos anos 70, que primeiro introduziu as estratégias radicais de colagens musicais criadas inicialmente no ambiente erudito do GRMC, para massas cada vez maiores.
Primeiro com os scratchs, arranhões sobre os discos dos outros (ousadia suprema, muitas vezes entendida tanto como desrespeito, mas que na verdade sempre foi uma homenagem). Em seguida, produtores de hip hop como Arthur Baker, Hank Shocklee, Marley Marl e Prince Paul desbravaram o uso do sampler como instrumento para piratear pedaços de outras músicas, e qualquer outro tipo de sons concretos, transportando-os para faixas de novos discos. Músicos tradicionais não gostaram da novidade achando, com alguma razão, que iam perder emprego, ou que deviam ser pagos pelos "piratas" a peso de ouro, quando não desprezavam abertamente o que o hip hop fazia como não-música. Hank Shocklee, produtor dos melhores e mais influentes discos do Public Enemy, partiu para o contra-ataque: "Não gostamos de músicos, não respeitamos os músicos... Nós entendemos melhor a música, temos um melhor conceito de música, onde ela está indo, o que ela pode fazer”. Outros nomes do hip hop tentaram chegar a acordos com os músicos sampleados, buscando um "marco regulatório" para suas apropriações. Por exemplo: no disco Hello Nasty, dos Beastie Boys, aparece o crédito para um advogado cujo trabalho foi apenas conseguir os direitos das músicas alheias cujos pedaços foram usados nas composições da banda. Alguns desses pedaços são classificados como "samples", outros como "excerpts" e ainda outros como "elements". Mas o fato é que tal classificação não colou. As técnicas de apropriação e composição desenvolvidas pelo hip hop foram por sua vez apropriadas pela quase totalidade dos estilos musicais populares contemporâneos, e se tornam cada vez mais fáceis de serem utilizadas por todos com vários softwares musicais que são disponibilizados no mercado, e na internet, todos os dias. O instrumento sampler e seus similares virtuais se tornaram os principais motores da criatividade musical contemporânea. Preocupada com essa situação de quase guerra entre novos motores da criatividade artística e legislações caducas, a organização Creative Commons propôs uma licença de sampler, desenvolvida inicialmente por advogados brasileiros, liderados pela escola de direito da Fundação Getúlio Vargas. O ex-ministro Gilberto Gil foi o primeiro músico do mundo a relançar uma de suas canções sob essa licença. Como diz Caetano Veloso em sua Verdade Tropical, "de certa forma, o que queríamos [os tropicalistas] fazer equivalia a 'samplear' retalhos musicais, e tomávamos os arranjos como readymades”. A discussão é antiga na música e já foi resolvida – nada como o dinheiro. Hoje ninguém acha ou aponta um sampler como algo menor ou cópia. Até, aliás, tem seu charme samplear algo obscuro ou que na época era alternativo e só poucos conheciam. O sampler é um ponto de partida de uma música, não seria uma referência, mas sim um desdobramento, explico melhor: o músico parte de uma silhueta, e a partir deste ponto evolui dentro do seu próprio estilo , criando uma proposta pessoal, ou seja, ele partiria da silhueta clássica citada e mostraria seu ponto de vista, uma evolução, criando algo pessoal, um sampler é usado como algo que mostra uma referência, uma homenagem, mais resulta numa música própria e com um ponto de vista pessoal e autoral.
Fonte: Hermano Vianna
Informações: http://www.whosampled.com
http://www.youtube.com/watch?v=j9gztwD68Dk
http://www.youtube.com/watch?v=rhOfC4FOaeE&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=6RJPV7oIiR8
http://www.youtube.com/watch?v=tlKqu322eJc
http://www.youtube.com/watch?v=LWlgbAc3bbM
http://www.youtube.com/watch?v=H_vLzsG2TCU
Primeiro com os scratchs, arranhões sobre os discos dos outros (ousadia suprema, muitas vezes entendida tanto como desrespeito, mas que na verdade sempre foi uma homenagem). Em seguida, produtores de hip hop como Arthur Baker, Hank Shocklee, Marley Marl e Prince Paul desbravaram o uso do sampler como instrumento para piratear pedaços de outras músicas, e qualquer outro tipo de sons concretos, transportando-os para faixas de novos discos. Músicos tradicionais não gostaram da novidade achando, com alguma razão, que iam perder emprego, ou que deviam ser pagos pelos "piratas" a peso de ouro, quando não desprezavam abertamente o que o hip hop fazia como não-música. Hank Shocklee, produtor dos melhores e mais influentes discos do Public Enemy, partiu para o contra-ataque: "Não gostamos de músicos, não respeitamos os músicos... Nós entendemos melhor a música, temos um melhor conceito de música, onde ela está indo, o que ela pode fazer”. Outros nomes do hip hop tentaram chegar a acordos com os músicos sampleados, buscando um "marco regulatório" para suas apropriações. Por exemplo: no disco Hello Nasty, dos Beastie Boys, aparece o crédito para um advogado cujo trabalho foi apenas conseguir os direitos das músicas alheias cujos pedaços foram usados nas composições da banda. Alguns desses pedaços são classificados como "samples", outros como "excerpts" e ainda outros como "elements". Mas o fato é que tal classificação não colou. As técnicas de apropriação e composição desenvolvidas pelo hip hop foram por sua vez apropriadas pela quase totalidade dos estilos musicais populares contemporâneos, e se tornam cada vez mais fáceis de serem utilizadas por todos com vários softwares musicais que são disponibilizados no mercado, e na internet, todos os dias. O instrumento sampler e seus similares virtuais se tornaram os principais motores da criatividade musical contemporânea. Preocupada com essa situação de quase guerra entre novos motores da criatividade artística e legislações caducas, a organização Creative Commons propôs uma licença de sampler, desenvolvida inicialmente por advogados brasileiros, liderados pela escola de direito da Fundação Getúlio Vargas. O ex-ministro Gilberto Gil foi o primeiro músico do mundo a relançar uma de suas canções sob essa licença. Como diz Caetano Veloso em sua Verdade Tropical, "de certa forma, o que queríamos [os tropicalistas] fazer equivalia a 'samplear' retalhos musicais, e tomávamos os arranjos como readymades”. A discussão é antiga na música e já foi resolvida – nada como o dinheiro. Hoje ninguém acha ou aponta um sampler como algo menor ou cópia. Até, aliás, tem seu charme samplear algo obscuro ou que na época era alternativo e só poucos conheciam. O sampler é um ponto de partida de uma música, não seria uma referência, mas sim um desdobramento, explico melhor: o músico parte de uma silhueta, e a partir deste ponto evolui dentro do seu próprio estilo , criando uma proposta pessoal, ou seja, ele partiria da silhueta clássica citada e mostraria seu ponto de vista, uma evolução, criando algo pessoal, um sampler é usado como algo que mostra uma referência, uma homenagem, mais resulta numa música própria e com um ponto de vista pessoal e autoral.
Fonte: Hermano Vianna
Informações: http://www.whosampled.com
http://www.youtube.com/watch?v=j9gztwD68Dk
http://www.youtube.com/watch?v=rhOfC4FOaeE&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=6RJPV7oIiR8
http://www.youtube.com/watch?v=tlKqu322eJc
http://www.youtube.com/watch?v=LWlgbAc3bbM
http://www.youtube.com/watch?v=H_vLzsG2TCU
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